29 de janeiro de 2015

O CAFÉ MODERNO


Mais um fragmento de Madrid, num recanto sombreado da Praça das Comendadoras. O Café Moderno, com as suas belas letras Anos 30, o toldo recolhido e a porta encostada, ali se oferecia, plácido, ao meu olhar...


Foi um esboço rápido, com o pinheiro em primeiro plano e um enquadramento contido. Em casa as cores também fluíram sem grandes dramas ou remorsos:


Secas as tintas, aqui o deixo:


Até breve!
Miú

22 de janeiro de 2015

O CARMENCITA


A minha primeira tentativa em Madrid de fazer um esboço de interiores foi o Bar Carmencita. Fica numa esquina da Calle San Vicente Ferrer, com aparência discreta e porta encostada, mas está sempre cheio - o que não admira pois servem uns brunches de estalo e todo o tipo de petiscos. Cheguei muito tarde, pelas 16, hora que até para os espanhóis já é de fecho da cozinha. Mas ainda me serviram uns huevos beneditinos que me souberam pela vida, findos os quais me lancei ao desenho. Já havia pouca gente, e a pouca que havia foi apagada do meu papel...


Usei pela segunda vez caneta de tinta permanente, conseguindo novamente aquele efeito de banda desenhada a que acho graça. Nas cores fui ousada e usei (calculem!) azuis que não estavam lá. Aqui fica a evolução da aguarela:


No final, dei uns retoques de sombra - no tecto, nas paredes e no chão - e lá fiquei com a minha recordação do Carmencita, mas sem ovos...


Até breve!
Miú

14 de janeiro de 2015

EDIFÍCIO METRÓPOLIS


A abrir a Gran Via, na esquina com a Calle Alcalá, está um dos edifícios mais marcantes de Madrid, o Metrópolis. Inaugurado em 1911, exibe estatuária variada e uma cúpula majestosa encimada por um Ícaro contemplativo. As colunas coríntias inscrevem-no num estilo assumidamente neoclássico. Sentei-me num banco junto à Igreja de S. José, do outro lado da avenida, e lá me pus a desenhar. Foi um esboço difícil, com muitos detalhes, pelo que só me atrevi a passá-lo a tinta já em casa, corrigindo aqui e ali. E a aguarela, como é hábito, também só veio depois: 


O trânsito na Gran Via é reconhecidamente caótico, e nesta tarde não foi excepção. Era tanto o movimento e tão frenético que volta e meia os carros me impediam de ver o objecto do meu desenho. Tive de optar por despir a avenida de quase todos. Mas ficou um comercial ligeiro, um táxi e outro automóvel semi-oculto, para não dar à cena um ar desolado, de "day after"...


A árvore gigante que ali existe - uma faia? - foi um desafio de verdes...


Pintei também o Edifício Grassy, que surge logo a seguir no alinhamento da Gran Via. E, por fim, o céu. Alto, solto, a perder de vista - e a mostrar que, por comparação, até os edifícios mais imponentes se tornam pequenos:


Até breve!
Miú

10 de janeiro de 2015

UMA CHAMINÉ INSÓLITA


Sentada num banco de jardim enquanto espero, avisto a chaminé de uma fábrica desactivada. Fica junto a Conde Duque, sobre os telhados irregulares dos prédios de habitação da zona oeste de Malasaña. E lá saco do meu sketchbook, onde me ponho a rabiscar o skyline e também uma parte da fachada do Convento das Comendadoras. O sol já vai baixo, projectando uma sombra diagonal sobre as paredes:


E passo às cores: o rosa velho, o terra de siena queimada...


...Um jogo de castanhos sobrepostos, para dar a ideia de telhas, o bege esverdeado junto aos beirais...


E as sombras: umas alongadas e descendentes, sobre as janelas gradeadas; outra perfilada, sozinha, contra uma fachada cega:


Deixa-se secar e serve-se antes de o sol desaparecer, nestes dias tão curtos junto ao solstício de Inverno...



Até breve!
Miú

6 de janeiro de 2015

O PEZ BAKER


O terceiro e último dos desenhos que fiz da Calle Pez é a vista da janela do café-lounge "Pez Baker". Fica mesmo em frente ao Lope, o restaurante onde, a seguir à sobremesa, me pus a rabiscar. O esboço foi mais fácil que os dois anteriores porque optei por um enquadramento mais contido e menos informativo:


O esboço foi feito em Dezembro, in situ como disse, mas só ontem o aguarelei. Aqui deixo o processo, cujo registo continua a divertir-me. Primeiro os amarelos... depois os alaranjados...


De seguida os cinzas - a cor do granito da base do prédio - e o vermelho vivo do "sentido proibido":


O verde-fumo do candeeiro e mais cinzas do outro lado da rua...


Finalmente, os castanhos das persianas, os ocres dos vãos das portas, mais algumas pinceladas de verde e de azulado...


E a aguarela acabada:


A "Rua do Peixe" já me vendeu o dito e já puxou a brasa à sua sardinha. Descobri-me encantada e seduzida. Agora, há mais Madrid para desenhar...

Até breve!
Miú

5 de janeiro de 2015

O MESMO SÍTIO, DE OUTRO ÂNGULO


O segundo esboço que fiz da Calle Pez, sentada no mesmo café (o LaLa), teve uma orientação mais à direita (mais a poente, portanto), focando o final da rua, ou seja, o entroncamento com a Calle San Bernardo. Ao fundo, vê-se o torreão direito de um edifício público e, atrás dele, o edifício moderno que se ergue na Praça de Espanha:


A aguarelagem não ficou famosa, eu sei. As cores saíram-me demasiado vivas, pelo que a combinação final tem, para meu gosto, "salero" a mais... Mas enfim, lá fui pincelando, primeiro o prédio à esquerda, depois o torreão com o telhado de ardósia...


A seguir, uma árvore de folhas outonalmente vermelhas (um ácer?) e o lampião (por sinal hipercéfalo) que domina o enquadramento ...


Uns farolins - de um veículo comercial e de uma lambreta, das que abundam em Madrid - e o verde das cadeiras de ferro da esplanada:


Mais árvores do lado direito (estas de folhagem persistente) e, finalmente, o cabelo e o casacão da rapariga solitária que tomava um café ao sol frio de Dezembro:


Feitas as contas, coube ali a paleta quase inteira, céus, comandada por aqueles ocres berrantes dos dois lados:


Para a próxima vou tentar fazer uma coisa menos mexicana, que afinal isto é do lado de cá do "pond".

Até breve!
Miú