31 de maio de 2015

PELAS ARCADAS DE BOLONHA


Uma das belezas de Bolonha são as arcadas que a percorrem, pelos dois lados de todas as ruas, ao abrigo do sol e das intempéries, com chão de marmorite (lisinho!), em quilómetros e mais quilómetros de puro conforto. Sentada calmamente numa gelataria da Via Castiglione, aventurei-me num desenho difícil, que levou tanta borracha quantos os erros de perspectiva que teimavam em aparecer. Mas lá consegui captar os arcos sucessivos, em contraluz, com edifícios medievais do outro lado. Um autóctone sentou-se na base de uma coluna, imóvel enquanto olhava para o telemóvel, permitindo-me rabiscá-lo sem problemas. As cores pu-las agora, na paleta típica de Bolonha: os tons pastel, onde os alaranjados abundam. Aqui ficam os passos da pintura:


Eis o resultado, cuja luminosidade me faz lembrar o calor tórrido que se sentia (e era apenas a segunda semana de Maio!):

Mais uma vez, aqui deixo também um registo de moi-même no "local do crime", em frente ao Palazzo dela Mercanzia, que no meu desenho aparece discretamente ao fundo:




27 de maio de 2015

REGRESSO A ITÁLIA


Uma viagem de trabalho à Toscana sabe sempre um bocadinho a lazer. Que sorte! Depois de sete anos sem lá voltar, eis que um intercâmbio docente Erasmus me faz regressar a Florença em pleno Maio - um mês em que já há muitos turistas, mas não tantos como no Verão. Primeiro parei em Bolonha, onde fiz dois esboços que, agora, pude aguarelar. O primeiro mostra as "Duas Torres" no coração da cidade, inclinadas uma para a outra como que a cumprimentar-se. Sim, não é só em Pisa que os italianos erraram nos cálculos do fio de prumo! Comecei pela da direita, a Torre Asinelli, e depois passei à Garisenda, mais baixa e discreta:


Cá em baixo, trabalhos na estrada, com sinais, vedações, focos coloridos e muita confusão, que optei obviamente por não representar em detalhe. Gente também, muita! Mas fiquei-me por algumas figuras no canto inferior direito: 


O céu, luminoso, e o pináculo da Asinelli quase a perfurá-lo:



E aqui deixo a aguarela terminada, com os fios dos eléctricos suspensos no ar. Li que a Torre Asinelli, construída em 1109, tem quase 100 metros (97, para ser exacta) e uma inclinação de 2,2 m. A Torre Garisenda só tem 47 metros mas uma inclinação mais acentuada (3,2 m). Que vos parece? Gostam das "Due Torri"? 


Finalmente, como prova, a "yours truly" in situ:


15 de maio de 2015

ÀS PORTAS DA CIDADE


Mais um desenho de Braga, e mais um do Arco da Porta Nova. Desta vez, no entanto, o ângulo é o oposto do que representei na anterior aguarela, olhando-se agora de fora para dentro. O esboço era exigente, com prédios altos em primeiro plano e, mais uma vez, muitas janelas. O Arco, esse, precisou de várias camadas de tinta, para dar voz a tantas marcas do tempo:


As janelas eram de todos os tipos: das de guilhotina às de abertura longitudinal, altas e baixas, com e sem sacada:


Passei às sombras, carregando nos cantos e nos beirais, como os do Museu da Imagem, o prédio vermelho do lado esquerdo, que me saiu de um rosa desmaiado...


De seguida defini três transeuntes - um, distante, caminhando devagar, e duas jovens em primeiro plano, todas despachadas - terminando, por fim, com o céu claro lá em cima:


Acabado!



5 de maio de 2015

MIL E UMA JANELAS


É um dos conjuntos de fachadas mais bonitos de Braga, cheio de cor e pormenor, em plena Rua do Souto. Fica em frente a um edifício que me é particularmente querido: a Reitoria da Universidade, outrora Paço Episcopal, onde defendi a minha tese de doutoramento e fiz as provas de agregação. Deitei mãos à obra, não sem antes ser assaltada por alguns pensamentos derrotistas: "onde me vou eu meter, com tantas janelas, e sacadas, e telhados?" Mas lá continuei, com paciência e determinação. Mais tarde vieram as cores, que desta vez tiveram uma função meramente decorativa, já que a informação estava toda no desenho:


Alguns dos prédios estão revestidos a azulejo (glup, mais pormenores) e no meu desenho passavam peões, uma das quais com um cão que me saiu um pouco como uma raposa (ou um qualquer mamífero de quatro patas, em todo o caso):


Aleluia, missão cumprida!


Trata-se de um desenho que, realmente, leva toda a primazia à aguarela, deixando pouco à imaginação. Foi um bom exercício, mas quero treinar mais a síntese nos próximos trabalhos. A ver vamos.

1 de maio de 2015

PONTO DE FUGA


Sentada à sombra numa das muitas esplanadas do centro histórico de Braga, tive tempo de sobra para captar a perspectiva afunilada dos prédios antigos que se situam no enfiamento do Arco da Porta Nova. Trata-se de uma rua pedonal, a D. Diogo de Sousa, muito bem conservada, com algum comércio tradicional e muitos cafés. O desenho tinha muita informação, mas optei por só a detalhar um pouco mais no primeiro plano. Depois de alguns avanços e recuos (leia-se, vários erros e rasuras), acabei por gostar do meu esboço, com linhas rectas e limpas:


A cor veio depois em casa. Do lado esquerdo, muitas varandas - algumas floridas! Do lado direito, sacadas com grades de ferro trabalhado:


Ao fundo, as portas da cidade, e em primeiro plano um lojista, de mãos atrás das costas (ficou um pouco marreco, mas paciência):


Manchas de sombra no chão e de azul no céu e...


Pronta! Eis a minha aguarela de uma tarde de sol em plena Primavera: