23 de maio de 2016

16º ENCONTRO USkPN


Foi este sábado, em S. João da Madeira, o 16º encontro dos Urban Sketchers Portugal Norte. Dia muito nublado, mas boa disposição e ainda melhor companhia. Aqui deixo os meus gatos e gatafunhos da primeira paragem - no cimo da Av. da Liberdade, a partir dos degraus da Câmara:


O programa previa 15 minutos para este desenho, mas eu, completamente absorta, já devia ir nos vinte e tal quando me voltei, à procura do autocarro e dos outros sketchers. Ninguém à vista! Bem feita, é para não me distrair assim. Desisti do desenho e dei corda aos sapatos. Nada de aguarela, portanto, que só pôde acontecer em casa:


Mais tarde, recuperado o fôlego, fiz um segundo desenho. Foi na Praça Luís Ribeiro. Sentada no degrau de uma montra, saquei do bloco e rabisquei duas das estruturas curvas que dali se viam: o prédio à esquerda e um passadiço coberto que circunda a praça:


No final do dia, a fotografia de grupo:


19 de maio de 2016

UM COPO COM GLICÍNIAS


São plantas trepadeiras de um perfume doce e intenso, que crescem por vezes, quase milagrosamente, de forma bravia em jardins abandonados. Foi num deles, numa rua aqui perto, que colhi três raminhos. Aqui os deixo, mas sem o aroma de Primavera que inundou o meu quarto:


As cores saíram-me terrivelmente mal: o lilás típico das glicínias saiu-me um teimoso tom de violeta (o que não admira, pois usei "purple lake" quase sem azul). Por isso deixo aqui também o desenho, que sempre me agradou um pouco mais do que a aguarela:


12 de maio de 2016

VISTA À RÉ


Pelos vistos, tomei o gosto por desenhar carros, ou pelo menos o "nosso" carro (de família), o Volvo de que aqui falei há dias. Aqui o deixo com outra cor e outro ângulo:



E aproveito para oferecer uma pérola filosófica. Já repararam que muitos objectos não são concebidos para ser vistos por trás? Pensem por exemplo nos armários: alguém se preocupa com o design da face que fica virada para a parede? Ou os anéis: apesar de a mão se mover, abrindo, fechando e mostrando a palma e o interior dos dedos, a maioria dos anéis é feita para ser vista só de um lado, o lado de fora. E pela mesma lógica alinham tantas outras coisas. Pelo contrário, nos carros a parte de trás é tão ou mais importante, e identificadora, que a da frente ou a dos lados. Bem, e chega de profundas reflexões. Vou apenas ficar a aguardar que a editora do Wittgenstein me contacte, para finalmente enriquecer com um best-seller.

10 de maio de 2016

UM CARRO PARA FLORIAN


Fiz este desenho como tributo a Florian Afflerbach, um urban sketcher que, com apenas 35 anos de idade, morreu este dia 5 em Siegen, na Alemanha. Era arquitecto e professor universitário, mas era sobretudo, diz quem com ele conviveu, uma óptima pessoa. Apesar de eu nunca o ter conhecido pessoalmente, seguia com admiração as publicações dele no Facebook. Os carros antigos eram a sua paixão confessa, mas era também exímio no desenho arquitectónico, tendo um estilo depurado, de uma elegância serena (vejam aqui). Quando foi abalroado numa rotunda onde tinha prioridade, ia ironicamente a conduzir uma motocicleta clássica, a Quickly S, que ele tinha restaurado há pouco tempo e cujo desenho consta no cabeçalho da sua página FB. A minha modesta homenagem (cuja versão em inglês aparece no blogue internacional dos USk) não podia ser senão o desenho de um carro clássico:


Trata-se do Volvo Amazon, quase idêntico ao que foi o carro lá de casa durante longos anos. O nosso era preto, de 4 portas, com estofos vermelhos de cabedal que, curiosamente, eram corridos mesmo na parte da frente fazendo um longo banco único. O meu Pai comprou-o em 1962, vindo a vendê-lo no fim dos anos 80 por tuta-e-meia. O carro é um daqueles objectos que estão intimamente ligados à história de uma família, particularmente no tempo em que duravam tantos anos. Aqui deixo uma fotografia de 1966 com os meus pais, o meu irmão e a minha irmã (ao colo); eu nasceria uns anos depois - e viajaria no "nosso Volvo" toda a minha infância:


8 de maio de 2016

PAREDES BRANCAS DE ARZILA


Acabadas as chuvas de Abril, parece que voltámos ao dilúvio. Com licença, vou ali a Marrocos apanhar sol e já volto. Uma das coisas boas destas viagens pelo meu álbum de recordações é que sou dona do tempo - tanto na vertente meteorológica como cronológica. E também sou senhora do espaço. Controlo as deslocações aéreas e evito as enchentes nos aeroportos; vou onde quero no momento em que quero! E sem atrasos, nem filas de passaporte, nem controlos alfandegários... Pois bem, onde me apetece voltar hoje? Pode ser ali ao sul, passando o ferry para África. Ora vejam a beleza deste branco contra o azul do mar (bem, a beleza vê-se ao vivo; aqui está bastante adulterada, mas adiante):



São as muralhas de Arzila, 40 km a sul de Tânger, construídas pelos portugueses durante a primeira ocupação (1570-1650). A minha "ocupação" de Arzila, para sorte dos marroquinos, durou bastante menos (uma tarde) e foi em 2009:


3 de maio de 2016

NANÁ


"Elle eut une dignité de reine offensée."
Émile Zola, Nana (1880)

A minha gata tem nome de heroína de romance. E, tal como a homónima de Zola, tem uma dignidade de rainha – ofendida ou não, tanto faz. O que é certo é que ela reina, soberana, dia fora, noite dentro, pela casa que é só dela. E dorme, dorme...
Três sarrabiscos, trinta segundos. Não se pode dizer que lhe tenha prestado vassalagem condigna com este desenho tão tosco. Mas fica o registo. E a verdade é que já, em tempos, a pintei de forma bem mais cuidada (aqui), também em sono profundo, por sinal. Viva o hedonismo onírico!

2 de maio de 2016

BAGAS VERMELHAS E UM CHAPIM


Os chapins são passarinhos adoráveis, com uma máscara ocular tipo Zorro, que se podem ver em grande parte de Portugal continental. Este que aqui deixo é um chapim azul. Trata-se do terceiro quadro para o tríptico de "paper cutting" que me deu na cabeça fazer (para juntar ao da corça e ao do veado). Desta vez, resolvi pintar o desenho principal todo a aguarela, já depois de o ter recortado. Não estou certa de ter feito uma boa escolha, mas o que está feito está feito:


Como já aqui disse, isto do paper cutting não é hobby para ninguém, pois requer antes de mais um seguro... aos dedos! Enfim, mas lá que é divertido, é. Aqui deixo uma imagem do processo e também a versão final, já emoldurada.



Eis o tríptico, com o fundo em papel ondulado bege a dar unidade ao conjunto (e com o meu rebento a dar-me indicações de enquadramento da fotografia):