23 de junho de 2016

MANHÃ AZUL


Uma coisa boa deste passatempo dos desenhos é poder fazê-los em grupo, em alegre convívio e amena cavaqueira. Desta vez o encontro foi na escadaria do jardim da Cordoaria, mesmo em frente à Rua do Dr. Barbosa de Castro, que desce em direcção ao rio e a Gaia, a surgir verdejante do outro lado. Estava uma manhã de sábado luminosa e movimentada, cheia de turistas a circular por ali, mas o desenho surgiu calmamente, sem pressas nem preocupações com os erros de percurso. Logo a seguir, e também no local, as cores:



Acham que saíram berrantes, demasiado garridas, sanjoaninas? Eu concordo, mas paciência. Ficam as memórias agradáveis que o registo evoca!




15 de junho de 2016

NO GERÊS


Não sei se já ouviram falar no "Abocanhado", restaurante belíssimo e de óptimo palato, com umas vistas ímpares sobre a serra do Gerês. Fica em Brufe, uma aldeia histórica, toda em pedra, onde vivem apenas seis pessoas (soubemo-lo de uma habitante local). Estive lá pela primeira vez, em passeio de família, neste 10 de Junho. Comemos divinalmente, caminhámos pelos prados e socalcos, verdíssimos, a perder de vista, e eu quis registar um dos ângulos do edifício, com uma linda varanda suspensa sobre a paisagem:



Quem chega pela estrada, que fica mais acima, quase não dá pela construção, tão bem integrada se encontra na linha descendente da colina. O projecto é de António Portugal e Manuel Maria Reis, da Escola do Porto, e o mobiliário de Siza Vieira. Só não percebo como levei 14 anos a ir conhecê-lo (foi fundado em 2002), mas vou ver se não levo outros tantos a regressar...

6 de junho de 2016

UMA ESQUINA, DUAS ÉPOCAS


Fiz este esboço ainda em Maio, num dos poucos dias de sol resplandecente que temos tido por aqui nesta Primavera desconsolada. Esquina da Avenida Central com a Rua dos Chãos. À direita, o Banco de Portugal, à esquerda, um edifício de escritórios e apartamentos, de estilos tão diferentes como as décadas que os viram erguer-se (Anos 20 e 70, respectivamente):


Depois de variados pontapés, sobretudo nas varandas caprichosas do edifício moderno, onde falhei miseravelmente a perspectiva, pus uns transeuntes nos passeios e uns turistas debaixo do guarda-sol de uma das esplanadas da Arcada. Foi, aliás, na esplanada ao lado que também eu me sentei comodamente, com um sumo de laranja a acompanhar o desenho. Só em casa, como é costume, apliquei a aguarela, fiel à minha filosofia de que devemos acarinhar os "filhos" aleijados da mesma forma que os escorreitos. 


Nota de rodapé: podem mandar o sol outra vez cá para cima. Não nos importamos.

4 de junho de 2016

LIVROS E ÁRVORES


São uma bela combinação. Feira do Livro 2016 no Parque Eduardo VII, fim-de-semana passado. Céu azul, ou predominantemente azul, stands coloridos, muita gente...  e desníveis a chamar ao desenho:



Os materiais, muito inadequados: papel de impressão demasiado fino para aguarela e a única caneta que tinha à mão: uma Uni-ball azul (que felizmente resiste à água). Mas às vezes, quando o papel não presta e a pressão diminui, a mão solta-se e tudo fica mais fácil...

1 de junho de 2016

VARANDA COM VISTA SOBRE A CIDADE


E neste primeiro dia de Junho, finalmente de sol, venho recordar Atenas. As Cariátides foram para mim a coisa mais bonita da Acrópole. O termo "cariátides", em rigor etimológico, significa "raparigas de Cariai", uma cidade do Peloponeso onde as festividades em honra da deusa Artemisa envolviam danças das jovens mulheres com cestos de juncos à cabeça. Em termos arquitectónicos "cariátides" são, pois, colunas esculpidas em forma de jovem mulher. Na Acrópole, elas surgem no templo de Erecteion, em número de seis, voltadas para o vale em poses majestosas e seráficas. Tentei captá-las num desenho:


Estive em Atenas pela primeira vez em 2005, no mês de Outubro, em trabalho. Foi uma sorte o calor mais tórrido do Verão estar ultrapassado. No Outono as temperaturas estavam já amenas e consegui subir à Acrópole sem destilar:


Mas não se iludam: as beldades de pedra atrás de mim são apenas réplicas. As originais tiveram de ser removidas em 1978 para escaparem à erosão e à poluição, estando agora expostas no Museu da Acrópole. Todas  excepto uma, que um explorador inglês "subtraiu" em 1810 e que figura hoje no Museu Britânico.