10 de maio de 2016

UM CARRO PARA FLORIAN


Fiz este desenho como tributo a Florian Afflerbach, um urban sketcher que, com apenas 35 anos de idade, morreu este dia 5 em Siegen, na Alemanha. Era arquitecto e professor universitário, mas era sobretudo, diz quem com ele conviveu, uma óptima pessoa. Apesar de eu nunca o ter conhecido pessoalmente, seguia com admiração as publicações dele no Facebook. Os carros antigos eram a sua paixão confessa, mas era também exímio no desenho arquitectónico, tendo um estilo depurado, de uma elegância serena (vejam aqui). Quando foi abalroado numa rotunda onde tinha prioridade, ia ironicamente a conduzir uma motocicleta clássica, a Quickly S, que ele tinha restaurado há pouco tempo e cujo desenho consta no cabeçalho da sua página FB. A minha modesta homenagem (cuja versão em inglês aparece no blogue internacional dos USk) não podia ser senão o desenho de um carro clássico:


Trata-se do Volvo Amazon, quase idêntico ao que foi o carro lá de casa durante longos anos. O nosso era preto, de 4 portas, com estofos vermelhos de cabedal que, curiosamente, eram corridos mesmo na parte da frente fazendo um longo banco único. O meu Pai comprou-o em 1962, vindo a vendê-lo no fim dos anos 80 por tuta-e-meia. O carro é um daqueles objectos que estão intimamente ligados à história de uma família, particularmente no tempo em que duravam tantos anos. Aqui deixo uma fotografia de 1966 com os meus pais, o meu irmão e a minha irmã (ao colo); eu nasceria uns anos depois - e viajaria no "nosso Volvo" toda a minha infância:


14 comentários:

  1. É um modelo icónico da Volvo. Pena no seu desenho não estarem os suportes frontais do pára-choque. Mas muito bem.

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    1. Muito bem visto, Carlos. Aqueles contrafortes são tão típicos do modelo! Fui pateta em escolher um carro sem eles (e sem as letras à frente, by the way...)

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  2. Belo desenho, belo post, bela homenagem!

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  3. O desenho e as palavras dão vida ao carro...
    Gosto do conjunto que formam.

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    1. Obrigada, José! Tento que o desenho e as palavras se complementem - mas tendo a ser demasiado verbosa. ;)

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  4. Miú, que giro que está o "nosso" carro. Quando era miúda achava-o muito feio, quase funerário.
    Por dentro parecia-me gigantesco, pois quase dava para brincarmos atrás eu e o J. enquanto tu, fazias do banco da frente uma cama e dormias com a cabeça no colo da nossa mãe e deitada pelo banco fora chegavas com os pés ao pai. Mas isso era no tempo em que normas de transporte de crianças não existiam!
    Curiosamente não tenho memória de acidentes que tenha havido na época e que envolvessem a falta do uso de cinto. Mas eram tempos remotos ;)

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    1. Também eu o achava feio! Que parvas éramos...
      Sabes que tentei encontrar imagens na Net desse banco frontal corrido, mas não encontrei nada. É estranho, pois era uma característica muito especial do nosso carro. E não me parece nada provável que fosse o único da série a tê-la. :)
      Quanto às minhas sestas ao comprido no dito, lembro-me bem. Que saudades.

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  5. O ângulo do desenho está bestial ..

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  6. Tristeza pelo Florian, nostalgia pelas imagens. O desenho, óptimo.

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    1. Sim, as imagens, ainda para mais a preto e branco, trazem muita nostalgia - mas também, neste caso, recordações muito doces.
      Obrigada, Luís, e um abraço!

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