23 de março de 2015

CRIANÇAS FELIZES


Uma amiga minha pediu-me que lhe pintasse umas aguarelas com crianças felizes. Pensei logo em praia, em sol e em brincadeiras junto ao mar. Recordei-lhe, no entanto, a minha absoluta falta de "expertise" na matéria: mais uma vez, e em aguarelas sem linha ainda mais, tudo o que faço é "a olho", com muitas dúvidas e poucas certezas. A inspiração fui buscá-la aos óleos e acrílicos lindíssimos da Lucelle Raad. Bom, é quase um sacrilégio recriar aqueles quadros, tão fluidos, tão naturais e com aquele toque de Sorolla tão luminoso e solto! Mas enfim, lá avancei. O primeiro ensaio, de três rapazinhos, ficou assim:


Depois, passei para as três meninas (a separação de género foi meramente acidental!). Desta feita, dispus-me a registar as fases do processo. Primeiro, os cabelos:


Depois, os baldes de praia:


De seguida, os trajes de banho e a pele, sempre o desafio maior:


Fui continuando...


E, por fim, pintei a areia, as sombras e o mar:


E ficou assim:


Ah, e já agora mostro também as aguarelas já emolduradas:


Espero que a minha amiga me desculpe por estragar a surpresa desta maneira e mostrar o presente acabado...

15 de março de 2015

UM CASTELO QUE ESPREITA


Fica no coração de Braga, por trás da Arcada, poupado ao bulício do trânsito. Este ângulo é o que se vê da Brasileira, no enfiamento de uma quelha que, noto-o agora, fica no lugar do que outrora foi a continuação do edifício. Fiz o esboço enquanto tomava um "café de saco", numa das mesas de tampo de vidro redondo, tão giras, do café mais emblemático da cidade (hei-de desenhá-lo). Em casa, depois, colori-o. Aqui deixo os passos da aguarela:


E o aspecto final:

10 de março de 2015

UMA LISBOA TROPICAL


Sob este sol meridional Lisboa é toda ela luz... Na vista que aqui trago, colhida do lado de Almada, vê-se o casario de Alfama, o Panteão, a Sé e, rente ao rio, a Praça do Comércio. Uma vista mil vezes esboçada, pintada e interpretada, eu sei, mas aqui está ela, revisitada desta vez por mim, em tons tropicais. Comecei pelo ocre dos ministérios e pelo castanho queimado dos telhados:


Passei depois aos azuis, do céu e do rio, e aos mil tons dos edifícios, em cascata, espreguiçando-se à brisa morna...


Por fim, os reflexos - num Tejo límpido, jovial - e, por trás da ponte Vasco da Gama, indícios da outra margem...


E aqui a deixo, sorrindo, de cara ao sul: 



9 de março de 2015

QUANDO NO INVERNO PARECE VERÃO


Foram três dias de sol e calor em pleno inverno, com bikini, piscina e praia (quente e deserta!) à discrição e muitos passeios, a pé e de bicicleta, em redor da marina. Belo fim-de-semana, portanto, neste início arrojado de Março, numa Vilamoura transfigurada de placidez e quietude. E eu, munida do meu bloco de desenho, lá registei um bocadinho deste parêntesis inesperado, sentada na margem oeste da marina com a bicicleta estacionada ao lado:


O desenho, coitado, saiu todo torto e desproporcionado, mas dei-lhe direito à vidinha. E depois, no hotel, transformei-o nesta aguarelazita inglória mas a cheirar a maresia:


Por muita chuva que ainda aí venha (Abril, águas mil, etc e tal), este reservatório extemporâneo de vitamina D já ninguém me tira. :) 

3 de março de 2015

A PONTE É UMA PASSAGEM...


... já cantavam os Jafumega (lembram-se?). Pois esta ponte é a de D. Luiz (com Z, segundo a ortografia da placa original, ainda patente) e é uma "passagem para a outra margem"... de Gaia. Voltei à Ribeira, portanto, mas desta vez para a minha primeira aguarela de rio, com reflexos e suaves ondulações da brisa à superfície da água. E, de bónus, um barco rabelo: genuíno, com os seus pipos e o seu altivo mastro!



Primeiras pinceladas: o céu de inverno, que estava limpo e luminoso, e a encosta da serra do Pilar. Optei por sintetizar, "pontilhando", aqui e ali, algumas sugestões de cor. Depois, a marginal do lado da Ribeira e os reflexos do barco:



Fui tentando dar mais densidade à aguarela, escurecendo as sombras e a linha da água lá ao fundo. Passei finalmente à complexa estrutura de ferro da ponte, bastante aldrabada, que é afinal de um belo tom de azul, e não cinzenta (como eu sempre pensara):



Por fim, adicionei uns tons verdáceos ali à esquerda, sobre as pedras junto à agua, com musgos e limos, e dei a aguarela por terminada:


É verdade o prazer que dizem advir de pintar a água... Vou tentar mais vezes.

2 de março de 2015

O MEU CADEIRÃO


É um Corbusier que veio com um "brinde" da loja, onde era o último da colecção: uns riscos fundos no couro, pelos quais não obtive desconto algum, pffff! Mas lá me mentalizei que lhe davam patine e passei adiante... Olho para ele sempre que me sento no sofá do escritório, vendo-o ali junto à varanda e aos livros da estante, com a yucca a verdejar lá fora, e continuo a gostar das suas linhas geométricas e limpas:


A aguarela começou pela dita yucca e suas folhas pontiagudas, passando às cores variadas do kilim:


Depois vieram os livros, multicores e trabalhosos, seguidos do primeiro problema: a cor do soalho. Não sei por que carga de água o castanho me saiu esverdeado... Mas está a andar que se faz tarde!


O cadeirão veio de seguida e, para terminar, toques de sombra aqui a ali:


Ah, e a correcção da cor do soalho, com uma capa de siena queimada:


Aqui fica a "obra" terminada, para registo futuro, com tons bem mais vivos do que costumo usar. É o meu segundo desenho de interiores, e descobri que também gosto de rabiscar estes espaços domésticos, mais pessoais. Que vos parece?