28 de setembro de 2015

CHAMPANHE E TELEFONEMAS


Talvez o título seja algo imaginativo, com o seu quê de romance policial. Em boa verdade, eu não bebi, muito menos champanhe, nem fiz nenhum telefonema. Mas desenhei, sim, a Champanheria da Baixa, que dá para a Praça de Mompilher (uma corruptela de "Montpellier"), em cujo centro pontua uma bela cabine telefónica escarlate:



Trata-se do esboço que comecei no 12º Encontro USkPN no domingo passado. Já em casa, terminei-o e colori-o, aldrabando bastante tanto nas cores como nas sombras, que nisto há que ser democrático. Desta vez usei lápis de aguarela, que dão um efeito mais texturado e também, glup!, mais pastoso...

24 de setembro de 2015

ENCONTRO NA PICARIA


O 12º Encontro dos "Urban Sketchers Portugal Norte" foi na Rua da Picaria, em plena baixa do Porto. Adiado uma semana por causa do mau tempo, foi abençoado este domingo com uma tarde linda de Setembro, de uma luz gloriosa e um ar morno e sereno. Éramos poucos, mas divertidos e relaxados. O Encontro começou da melhor maneira: com o almoço. Ficámos logo no cimo da rua, no BaixaBurguer, e foi aí, confortavelmente sentada junto ao passeio, que fiz o meu primeiro esboço:


A vista que captei foi o Largo de Mompilher, com a Capela do Pinheiro no alto do seu muro e o casario circundante. Mais tarde, sentada num banco do largo, de frente para a Champanheria da Baixa, registei parte do conjunto de fachadas. Mas deixei-me ultrapassar pelo tempo, e o desenho ficou a meio:


Já eram horas da partilha de desenhos. E, para a posteridade, ficou a fotografia de grupo: com o Tiago, a Joana, o Reis, a Elsa, a Ilda e eu:


Mais tempo houvesse, mais desenhos teria havido de certeza. O sítio prestava-se e a companhia ajudava. Terão de ficar para a próxima!

21 de setembro de 2015

CONVERSA NA CATEDRAL


Se no romance de Vargas Llosa a conversa tem lugar num bar de Lima chamado "La Catedral", no meu caso a conversa decorreu ao lado de uma catedral a sério, a de Valladolid, e foi com uma senhora que estava sentada no banco onde me instalei, à sombra de uma árvore alta. Sem nunca se referir ao meu desenho (deve tê-lo achado pouco merecedor de menção), a senhora, aposentada, contou-me praticamente toda a sua vida. E eu fui escutando e rabiscando, enquanto compunha o segundo esboço que fiz na minha viagem à cidade este Julho:



Trata-se de um desenho um pouco complexo, com várias linhas de fuga e planos diversos. Com um ou outro gato, lá o dei por concluído, num registo convenientemente "incompleto". As cores, como quase sempre, foram aplicadas em casa e ficaram assim:





Ainda houve um terceiro desenho deste passeio ao centro de Espanha. Mostro-o depois.

15 de setembro de 2015

UMA SURPRESA NA MESETA


Fui em Julho a Valladolid em trabalho e fiquei surpreendida com a cidade. Julgava que ia encontrar um local perdido no meio da meseta ibérica, sem rasgo nem carácter. Mas, como acontece tanto na vizinha Espanha, a cidade tem não só um "casco histórico" digno de visita, como é enorme e muito bem conservada. O edifício da universidade, para começar, é uma beleza, mas as igrejas, praças e edifícios públicos, já para não falar nos numerosos quarteirões de habitação mais antigos, são imponentes e harmoniosos. Ali, no coração de Espanha, o calor não dá tréguas: 37º no primeiro dia; 42 no segundo. As ruas só ficam inundadas de gente ao cair da tarde, quando o sol vai mais baixo. Foi a essa hora, pelas 7 da tarde, que me atrevi a sair do hotel com o bloco de desenho na mão. Sentei-me na Plaza Mayor, de viés para a "Casa Consistorial" (a câmara municipal), e fiz este esboço:


Trata-se de um edifício de inspiração renascentista, construído no final do séc. XIX. Eram tantos os detalhes e tão abafado o ambiente na praça que me fiquei pela metade - ou, noutra leitura, por um "menos é mais"... Só agora, dois meses volvidos, lhe acrescentei a cor:



14 de setembro de 2015

UM PARLAMENTO JUNTO À ÁGUA


Da minha visita à Holanda, em 2005, deixo aqui um segundo desenho: uma vista de Haia, onde o Parlamento - o Binnenhof - é um belo edifico gótico implantando junto ao lago Hofvijver:


E deixo também a minha pessoa, "plantada" e desfocada, no mesmo local, mas a cores mais - hum... - sóbrias:


Haia tem uma zona balnear (a praia de Scheveningen), com um mar acinzentado e areal extenso, onde mesmo em Julho as temperaturas são pouco convidativas, e uma espécie de Portugal dos Pequenitos em versão holandesa, mas em escala mais reduzida - o Madurodam. Para mim, no entanto, o mais interessante da cidade é o Museu Mauritshuis, que fica à esquerda da imagem acima e onde se pode ver ao vivo pérolas como... "Rapariga com Brinco de Pérola", de Vermeer.

9 de setembro de 2015

BICICLETAS E CANAIS


Começo hoje neste espaço uma rubrica de "memórias". Trata-se de locais onde estive mas a que só agora dedico um desenho. Pretendo com isto guardar uma cronologia, embora aleatória, das minhas andanças por tantos sítios deste mundo e, assim, recordar melhor o que deles guardo e que me marcou.

Data de 2005 a minha visita a Amesterdão. Dez anos é muito tempo, mas a paisagem urbana da cidade é uma daquelas que se mantêm quase inalteráveis, um pouco cristalizadas até, ao longo dos tempos. Este desenho podia por isso, julgo, ter sido feito hoje. É uma vista banal, de um dos múltiplos conjuntos de fachadas ao longo dos canais. O hotel onde ficámos é o prédio branco mesmo ali no centro - o Ambassade.


Nesta fotografia, tirada numa ponte próxima daquela onde se capta a imagem acima, vêem-se os três símbolos da cidade: os canais, as bicicletas e... as sex shops. Eu apareço já preparada com o meu "outfit" pretensamente profissional para ir dar a minha comunicação à Vrije Universiteit. E estou constipada. Em Julho! O Verão holandês não é exactamente como o nosso...


Mas muito mais importante do que a comunicação académica, para mim, foi a visita ao Museu Anne Frank. Durante algumas horas, entra-se no espaço real onde ela, menina tão sensível e criativa, se escondeu – e quase escapou. Quase. Recomendo vivamente a todos os que estão a pensar visitar Amesterdão. Em mais de 20 anos de viagens, poucas coisas me tocaram tanto.