24 de outubro de 2023

UM FERRY EM TINOS

 Mais um dos meus desenhos deixados por pintar e votados ao esquecimento. Ao resgatar este, regressei a uma das Ilhas Cíclades, na Grécia, onde estive já lá vão uns bons anos. Tinos fica no Mar Egeu e tem casas caiadas de branco com portas e janelas em azul vivo, além de curiosos pombais nas zonas interiores. É uma ilha árida e ventosa, menos atulhada de turistas do que a bem mais conhecida Mikonos, ali ao lado. Mesmo assim, nestas varandas de madeira em cima do mar havia vários restaurantes onde se ouvia línguas de todo o lado, e a própria dimensão do ferry-boat (Agoudimos Lines, lembro-me) atesta bem que a ilha tem um vaivém humano considerável: 

21 de outubro de 2023

UMA BAÍA

 Não, nunca estive na Indonésia. Mas é lá que fica esta praia recortada que me surgiu no ecrã hoje quando abri o computador. A confiar no que diz o Windows ao clicarmos na imagem, trata-se de um sítio chamado Labuan Bajo, e eu não preciso de saber mais nada: apetece-me ir para lá agora. Praias há muitas, e nós temos das mais belas do mundo, mas este relevo acidentado mesmo em cima das águas turquesa parece-me diferente de tudo o que já vi ao vivo. Tentei captá-lo, ignorando a regra do "in situ" que rege habitualmente os meus desenhos:

19 de outubro de 2023

O CAROCHA

 Nesta vontade que me deu ultimamente para desenhar carros, reincido nos Volkswagens -- ou não tivesse eu própria tido dois, um Golf 3 e um Golf 4. Este que aqui deixo hoje é a quinta essência da marca, um daqueles clássicos intemporais, cujas formas arredondadas lhe valeram a alcunha acertada de "carocha", ou "beetle" em inglês. Embora a sua história esteja incontornavelmente ligada a um nome amaldiçoado (foi Hitler quem encomendou a produção de um "carro do povo", acessível e robusto, nos anos 1930), a simpatia pelo modelo tem resistido ao teste do tempo e, volta e meia, ainda se consegue ver algum a passar alegremente pela estrada: 

15 de outubro de 2023

CINCO BALEIAS

 Uma baleia azul, uma orca, uma beluga, um cachalote e uma baleia boreal. Foi a minha escolha para uma aguarela que fiz para o quarto do meu filho de 12 anos, quando há alguns meses lhe remodelei o quarto, retirando o papel de parede de carrinhos e barquinhos e os quadros mais infantis. Estou ciente, claro, de que mais tarde ou mais cedo também as baleias vão voar dali para fora -- e ser substituídas por posters de DJ, Youtubers ou outros ídolos semelhantes da Geração Z (longe vão os tempos das estrelas de cinema ou do rock)... Mas enquanto essas afirmações libertárias não chegam, vou-me divertindo assim. O desenho, contrariamente à prática de sketching, foi a lápis. E as proporções foram violentamente ignoradas: a baleia azul, por exemplo, é dez vezes maior que a orca (30 m vs. 3 m), mas enfim, assim ficaram todas, lado a lado: 

9 de outubro de 2023

OS OUTONANTES

 Com o Verão oficialmente terminado há duas semanas certas, eis que as praias se encheram de novo de norte a sul, já em pleno Outubro. Este sábado, dia 7, um pouco depois das 19h, a temperatura junto ao mar de Leça era ainda de 23 graus. Os últimos banhistas levantavam-se para finalmente abandonar a praia. Em vez de veraneantes, pensei que seria mais acertado chamar-lhes "outonantes", uma nova estirpe que se vai afirmando de ano para ano, igualmente metódicos e aplicados nas suas lides de areia e banhos. Sentada no paredão, fiz um esboço a lápis muito rápido do sol a pôr-se e, em casa, "borratei-o" assim:

6 de outubro de 2023

A PÃO-DE-FORMA

Julgo que o termo só existe no contexto lusófono, pois não creio que na Alemanha se refiram à icónica carrinha Volkswagen através de uma metáfora gastronómica. Sempre as achei giríssimas, apesar de nunca ter andado em nenhuma. O desenho que aqui trago foi um exercício de observação a partir de fotografia, em que o modelo prototípico, caracteristicamente bicolor, exibe janelas laterais no teto e lona de recolher. Os pneus com a sua barra branca e o jogo de faróis redondos, a condizer com o logo frontal bem visível, também cromado, são elementos distintivos deste veículo que deixou saudades  ao ponto de haver quem as alugue para casamentos e férias de campismo. O que lhes faltará em conforto sobra com certeza em charme:

3 de outubro de 2023

BASSETS

 Não tenho cão, só gato, mas sempre ansiei por um. Tivesse eu a disponibilidade e o espírito de sacrifício para tratar de um cão como deve ser, adotaria um cheia de alegria. Gosto dos cães de porte grande ou médio, de preferência de orelhas caídas e de temperamento dócil e pachorrento. Apesar de pequenotes, sempre tive um fraquinho pelos bassets  e admito que os anúncios da Hush Puppies contribuíram para isso. O nome provém do francês "bas", ou baixo, e pertencem à classe dos sabujos (em inglês, hounds), cães de caça, de faro apurado. Neste esboço, quis desenhar um basset em várias expressões típicas, muitas delas tipo "caliméro", aquele ar entre o tristonho e o suplicante, o entediado e o complacente. Dizem que esta expressão deprimida é enganadora, e que os bassets são, na realidade, cães muito bem-dispostos.

         

28 de setembro de 2023

O CORETO

Foi o meu segundo desenho do Encontro POSK 118, na Feira dos Golfinhos (uma espécie de Feira da Ladra), que tem lugar no Jardim Basílio Teles, em Matosinhos. Sentada numa das frondosas sombras, desenhei o coreto, algumas bancas de bricabraque e, claro, o arvoredo circundante, que exigiria mão bem mais destra do que a minha para lhe ser feita justiça. Quanto às pessoas, bem, houve momentos em que passavam tantas que eu mal via os meus motivos de desenho. E, como passavam, também me foi muito difícil captá-las... Aqui fica uma versão bastante despovoada do animado evento:

E, aqui, o desenho a tinta feito no local:

24 de setembro de 2023

CÂMARA DE MATOSINHOS

O Encontro POSK 118 foi hoje, domingo, na Feira dos Golfinhos. No entanto, em vez de golfinhos (de que não vi nenhum), árvores (havia muitas), ou bricabraque (ainda mais), desenhei a Câmara de Matosinhos, ali mesmo ao lado. Com um pontapé aqui e outro acolá na perspetiva, lá saiu o edifício, longo e com algumas partes abauladas, sem esquecer os repuxos, que se alinham ao longo da fachada principal:

O dia, luminoso e cálido, nota-se bem na fotografia do desenho que tirei no local (as figuras humanas foram acrescentadas depois):


Aqui, a fotografia de grupo (eu, o Armando, a Beatriz, a Cyntia, o Rui e o Jorge):

20 de setembro de 2023

PISCINA DAS MARÉS II

Nesta segunda perspetiva, virada a poente, da Piscina da Marés de Siza Vieira (ou Álvaro Siza, como passaram a chamá-lo), vê-se a estrutura norte a rasgar as rochas selvagens:

19 de setembro de 2023

PISCINA DAS MARÉS I

É um dos ex-libris de Leça da Palmeira a piscina de água salgada desenhada por Siza Vieira que, sobre as rochas, se situa em pleno rebentar das ondas. Neste desenho muito rápido, que fiz neste setembro pálido, vê-se ao fundo o paredão do Porto de Leixões:

17 de setembro de 2023

A CASA DOS MEUS AVÓS

Do lado materno, a família era particularmente numerosa, ramificada, cheia de histórias que a minha Mãe contava tão bem. Mas da casa, enorme, ficou apenas a estrutura e pouco mais, depois de uma remodelação violenta e sem cuidado que há mais de três décadas a roubou de todo o seu carácter e encanto. O mirante, por exemplo, o mais emblemático elemento arquitetónico, foi derrubado sem apelo nem agravo. O registo do que a casa foi só existe fotograficamente  e, agora, vertido neste desenho, numa tentativa que faço de voltar a uma infância distante, em que ainda todos eram vivos e eu não sabia que era feliz:


O desenho a preto-e-branco talvez reproduza melhor o espírito da fotografia, antiga e melancólica, bem como o manto de cinza com que o tempo empalidece a memória:

9 de setembro de 2023

O ARCO DO TRIUNFO

 

Ando para aqui a recuperar desenhos antigos que ficaram esquecidos, votados à sua existência sem cor. Alguns, confesso, teriam lucrado em continuar nesse estado, pois a aguarela não lhes trouxe nada. É o caso deste, ao qual a cor apenas trouxe garridice, mas enfim, aqui cumpro o plano inicial. Trata-se de um desenho que fiz na minha viagem a Paris em Setembro de 2019, mesmo antes de se começar a ouvir falar da maldita pandemia. É preciso dizer que o tamanho do Arco do Triunfo surpreende quando nos aproximamos dele. Nas fotografias e pinturas perde-se um pouco a noção da grandiosidade do monumento, que se agiganta face aos edifícios, já eles altos (4, 5 andares), que o cercam em círculo... Por isso, pressenti logo a dificuldade em o encaixar numa folha tão pequena (A5), o que se veio a confirmar, ao ter ficado um vértice de fora...

Aqui fica também o registo da minha sessão de desenho no meio do vaivém contínuo dos turistas, com sorriso incluído:

28 de agosto de 2023

A OUTRA SISTINA


É uma ponte, não outra capela. O Papa Sisto IV foi responsável não só por mandar restaurar a celebérrima capela rebatizada em sua honra, mas também a Ponte Sistina  ou, em rigor, a Ponte Sisto, construída também no último quartel do séc. XV sobre as fundações de uma antiga ponte romana. Por cima, a erguer-se no skyline, vê-se a cúpula da Basílica de São Pedro, monumental e delicada ao mesmo tempo: 


Foi o segundo dos meus dois parcos desenhos em Roma neste Julho sufocante. Pobre colheita, numa cidade de tão esmagadora riqueza arquitetónica... Mas o calor mal nos deixava sair à rua. As sombras frescas ao longo do Tibre, no entanto, permitiram-me captar esta perspetiva com algum conforto. Fiz o desenhito numa folha solta a partir da avenida Rafaello Sanzio:

26 de agosto de 2023

UMA IGREJA EM ROMA

 

Da minha viagem a Roma em Julho trouxe apenas dois desenhos, ambos feitos na zona de Trastevere (literalmente, "para lá do Tibre", uma espécie de rive gauche romana). O primeiro mostra, não surpreendentemente, uma igreja, ou melhor, uma basílica  muito antiga, por sinal, como costumam ser as coisas por ali. A Basílica de São Crisógono data originalmente do séc. IV, mas sofreu restauros profundos e diversos acrescentos na Idade Média (sécs. VIII e XII) e no séc. XIX:

Desenhei-a na manhã de um dia abrasador, como foram todos os que passei na cidade desta vez, apanhada que fui pela onda de calor. Valeu-me a sombra dos prédios em frente e bastante disciplina, pois meti na cabeça que haveria de vir dali com um desenho acabado... 

16 de agosto de 2023

PRAIA

 

Mais um Verão. Na praia, muita gente, muita vida, muita cor:

23 de junho de 2023

IGREJA MATRIZ DE CASTELO DE VIDE

 

O meu último desenho do Encontro Nacional USk em Castelo de Vide foi feito a partir de um banco à sombra, apesar de o sol estar teimoso. Foi um esboço muito rápido e tosco. Registei a bela Igreja Matriz vista das casas em frente, num nível inferior à rua, protegida por um gradeamento e uma escada. As proporções saíram-me emagrecidas, mas são ossos do ofício do desenho à vista sem borracha (ou seja, logo a tinta). Desenhei também a escadaria da própria igreja, o adro e o casario adjacente, bem como um transeunte que se demorou a falar com outro (o qual já não consegui captar) e que parece, portanto, estar ali algo perdido, a olhar o vazio :).


Aqui deixo a fotografia do desenho no local, sem cor (adicionada posteriormente, como sempre):

20 de junho de 2023

UMA ESCULTURA NA PRAÇA

 

A "Tágide" é uma bela escultura feminina, da autoria de Rogério Timóteo, exposta junto à Igreja Matriz de Castelo de Vide juntamente com outras obras do mesmo artista. Desenhei-a durante o Encontro Nacional USkP e, apesar de não fazer justiça à beleza das proporções originais, aqui a deixo a título de registo:



17 de junho de 2023

CARVALHO COM VISTA SOBRE A BARRAGEM

 

Foi o último dos meus desenhos na barragem de Póvoa e Meadas, durante o Encontro Nacional USkP em Castelo de Vide. Desta feita, desenhei uma das árvores mais populares entre os desenhadores que, como eu, escolheram aquele local elevado para se instalarem. O sol finalmente foi dando um ar da sua graça, surgindo de vez em quando entre as nuvens e projetando faixas de luz sobre as águas.  

O desenho no local só foi trabalhado no que toca à árvore:


16 de junho de 2023

BARRAGEM DE PÓVOA E MEADAS: 2a VERSÃO

 

Fiz uma segunda versão da barragem vista da colina -- a mesma perspetiva, na verdade, mas mais próxima e com menos informação. As nuvens foram abrindo timidamente, projetando retalhos de azul sobre a superfície da água plácida:


15 de junho de 2023

BARRAGEM DE PÓVOA E MEADAS - 1a VERSÃO

 

Quando, no segundo dia do Encontro Nacional USkP em Castelo de Vide, a chuva deu tréguas, lá retomámos o programa seguindo para a barragem. A perspetiva que escolhi foi a que muitos outros escolheram: do alto de uma colina, com vista privilegiada para os recortes e reentrâncias das águas, que ali formam um lago tranquilo, rodeado de vegetação.

A meio do dia, piquenique. E, depois, as fotografias da praxe. Primeiro, a do grupo todo:

Depois, a dos POSK (Porto Sketchers), que ali estávamos em número de seis e com sorrisos abundantes, ora pois:

11 de junho de 2023

DESENHADORES NA BARRAGEM


Na barragem de Póvoa e Meadas, num sábado de sol arredio, fui desenhando os desenhadores do Encontro Nacional USkP no seu afã concentrado... Nesta montagem juntei alguns desses registos:



10 de junho de 2023

A CASA DA INQUISIÇÃO


O Encontro dos USK-Portugal teve lugar pelo segundo ano consecutivo em Castelo de Vide. Para mim, foi a primeira vez num encontro nacional e estava muito entusiasmada com a visita de três dias a uma cidade que acho encantadora. Mas o tempo trocou-nos as voltas. Com a chuva, tivemos de adiar o passeio à barragem e às pontes e ficar pela zona urbana. A Casa da Inquisição, programada para o último dia, domingo, foi por isso antecipada para sexta-feira. A visita vale a pena, mas trata-se de uma espécie de Madame Tussauds dos horrores. Para os instrumentos de tortura ainda íamos preparados; com o que não contávamos era com aquelas figuras de silicone tão vivas, tão realistas -- que, obviamente, o meu desenho não captou. Nesta cena, um suposto herege é submetido ao potro, um aparelho destinado a cortar a circulação sanguínea nos braços e pernas, levando à necrose e à amputação:


Aqui, outra desgraçada é queimada viva num auto de fé:


E nesta encenação aparece uma figura sinistra, rodeada de parafernália sacra, que mais não é do que um inquisidor:



Aqui deixo dois registos dos desenhos ao vivo:



20 de maio de 2023

O NAVIO-ESCOLA SAGRES NO CAIS DA RIBERIA

 

Dois encontros POSK num mês é obra  sobretudo para uma faltosa inveterada como eu! Desta vez, descemos à Ribeira, em pleno Dia da Marinha, para desenhar o navio-escola Sagres, ali atracado. Turistas aos montes, um sol escaldante e muitos mastros e cordas para fazer passear a caneta. No meu desenho, um rabelo interpôs-se entre mim e o navio:

Eis o desenho no local, atalhado para evitar um escaldão:  

9 de maio de 2023

COMPANHEIROS DE DESENHO


Ainda o POSK 114, em forma de efeito secundário. Só o publico porque estou a quilómetros de distância dos visados logo, a salvo das merecidas represálias!

Aqui deixo um beijinho penitente aos meus companheiros de rabiscos deste sábado (belas conversas ouvimos na esplanada, em puro vernáculo "fontainhês"!)

7 de maio de 2023

PELAS FONTAINHAS

 

Um palacete cor-de-rosa ao abandono, muitas sacadas coloridas, antenas parabólicas q.b., o princípio da Ponte do Infante, carros de brinquedo e o rio atrás de mim. Foi o meu POSK 114, nas Fontainhas, num sábado de Maio que sabia a Verão.

De costas voltadas para o Douro e a Serra do Pilar, optei desta vez por desenhar as fachadas. Eis-me, em pleno labor "desenhístico":


Comecei o desenho com as fachadas ao sol, mas pelas cinco e pico já as sombras tinham virado:


Num outro encontro neste mesmo sítio o POSK 2, imagine-se, há tanto tempo eu desenhei, justamente, a Igreja, o morro e a Ponte D. Luís, com um plátano em primeiro plano (ver aqui). Sete anos volvidos, os POSK voltam às Fontainhas. Aqui estamos na fotografia de grupo:

5 de maio de 2023

CASA DE CHÁ DA BOA NOVA


Não é a primeira vez que a desenho (já o fiz aqui), mas é sempre com espanto e sensação de descoberta que tento captar aquelas linhas limpas e puras, em perfeita comunhão com o mar e os rochedos:

A Casa de Chá de Leça da Palmeira, desenhada por Siza Vieira, é um ex-libris da cidade e monumento nacional. Não haverá muitas obras de arquitetura contemporânea nesta categoria. Que bom tê-la aqui mesmo à mão. E que bela tarde de maio para me perder, por uma meia hora, a olhá-la! À esquerda, o farol de Leça, com a sua cúpula escarlate. À direita, lá ao fundo, o Terminal de Cruzeiros, em Matosinhos, e um deles a fazer-se ao mar: