19 de maio de 2019

IGREJA DE S. FRANCISCO


O 60º Encontro dos PoSk (Porto Sketchers) aconteceu ontem, sábado, no Largo de S. Francisco. Muitos turistas ali pela Ribeira, muito sol e muito para desenhar! O conjunto arquitectónico do antigo convento de S. Francisco é tão encantador como complexo, com os seus desníveis vários e as diferentes fachadas que se alinham junto a ele:


O desenho no local saiu, por isso, com uns bons gatos, mas pelo menos não desisti! E, é claro, a cor ajuda a esconder essa "gataria"...


A fotografia do grupo, cheia de sorrisos, é um festival de luz:


13 de maio de 2019

BROKEN BICYCLES


Broken bicycles, old busted chains,
With rusted handlebars out in the rain.
Somebody must have an orphanage for
All these things that nobody wants any more!

(Tom Waits, 1982, "Broken Bicycles") 

Estive em Londres em Janeiro, mas só agora pintei os desenhos que lá fiz. Este que aqui trago hoje foi feito numa terça-feira inundada de um sol inesperado. Vi esta esquina  anónima mas com um vizinho eminente (o Museu Britânico)  e adorei o seu 'pub' pintado de um azul escuro forte, engalanado ainda de luzes de Natal. No poste em frente, uma bicicleta com uma só roda jazia, esquecida. Era uma das muitas bicicletas abandonadas que se vê por tantas cidades europeias:


A cena trouxe-me à memória a canção do Tom Waits. E esta, por seu turno, transportou-me para a minha adolescência nos anos 80. Não há como a música para nos fazer reviver recordações antigas, não é?


Aqui fica o desenho, recém-acabado, quando já me gelavam as mãos e a ponta do nariz. Neste caso, tenho que admitir: o desenho só a tinta agrada-me muito mais do que a versão aguarelada. É um daqueles exemplos em que um desenho que nos sai bem pode ser deitado a perder na fase da cor:

7 de maio de 2019

QUEIXO NA MÃO


... ou mão no queixo? Seja o que for, aqui mostro mais um auto-retrato, publicado no grupo "Self_Portrait Sundays". Este foi feito directamente a caneta, sem esboço a lápis. Cada vez gosto mais desta técnica de sombreado a que os ingleses chamam "hatching" e nós "trama". Vou continuar a explorá-la!


6 de maio de 2019

TRÊS QUARTOS


Auto-retrato a 3/4 significa que estamos a olhar pelo canto do olho para nós mesmos ao espelho, enquanto tentamos manter as proporções e fazer algo que não pareça um desenho cubista, com um olho na testa e o nariz na barriga. Bem, a coisa não é pêra doce. Ainda por cima, fiz o desenho directamente a caneta, o que significa que não pude corrigir. Mas gostei do resultado, apesar de a boca estar projectada para a frente e com uma comissura que não tem nada a ver com a minha. Ah, e de o cabelo parecer uma touca... Mas a luz, que vinha de um candeeiro baixo de leitura à minha esquerda, gerou umas sombras giras sobre o rosto:


5 de maio de 2019

NUMA CADEIRA DE PALHINHA


Eis-me sentada em frente ao espelho, de caderno e lápis na mão, resolvida a tentar o meu segundo auto-retrato para o "Self Portrait Sundays". Um retrato de corpo inteiro não é brincadeira, ainda mais quando é feito à vista! Mas, bem, com a borracha à mão tudo se consegue... Só me faltaram os pés! Ficam para outro dia.


1 de maio de 2019

QUEM PASSA POR ALCOBAÇA...


...não passa sem lá voltar. Pois bem, Alcobaça seja, e barroca, e bela! Já foi há uns tempos que ali passei (em Outubro do ano passado, com um sol glorioso de Outono), mas só agora pintei o desenho:

Fi-lo a partir de uma das muitas esplanadas que, do outro lado da imensa praça forrada a calcário, permite aos turistas admirar de longe toda aquela monumentalidade:



24 de abril de 2019

IGREJA DA FOZ


Mais um desenho feito na Foz (o primeiro foi ESTE), num dos encontros PoSk a que consegui ir. Depois do almoço, fomos até à Igreja de S. João da Foz, que se ergue, altiva e monumental, entre o casario da Foz Velha:


E eu, com o meu banquinho, sentei-me já na descida, em equilíbrio um pouco precário dado o desnível do passeio. Mas sobrevivi, e lá saiu o desenho:


E aqui a minha aguarela exposta no Bar ESPIGA, aquando da Comemoração do 3º aniversário dos PoSk, em Junho de 2019:

E com alguns dos ilustres visitantes:




23 de abril de 2019

GAMOS NO PARQUE


Num passeio até à Serra da Lousã em plena Páscoa, ficámos num hotel rodeado de um extenso parque natural, com imensos animais, domésticos e selvagens. Estes últimos eram exclusivamente naturais da Península Ibérica: linces, lobos, raposas, javalis, aves diversas, veados... e gamos. Com as suas manchinhas brancas circulares sobre fundo castanho e as caudas fofas brancas, delineadas a negro, deixaram-se desenhar placidamente, enquanto comiam e dormitavam ao sol:

Olhavam-me por momentos, mas sem medo. E eu, claro, fui aproveitando, e lá consegui captar um ou outro nos seus calmos afazeres de cativeiro. Em casa, acrescentei uma mancha de verde vibrante, a condizer com os apetites inocentemente herbívoros destes seres tão pacatos:


8 de abril de 2019

BÁRBARA GUIMARÃES


Será que a beleza conta para o #portraitchallenge_2019? Talvez não. Mas a minha contribuição final para esta iniciativa de desenho que fechou a 31 de Março é a cara mais bonita da televisão portuguesa desde sempre. Que possa continuar a brilhar!

5 de abril de 2019

MARIA JOÃO PIRES


Deu o 1º recital aos 5 anos, altura de que se lhe conhecem fotografias a tocar lindamente com as mãos atrás das costas! Maria João Pires é a minha quinta resposta, no feminino e em português, ao #portraitchallenge_2019, deixa "Músico". Pianista lusa de renome mundial, ganhou alguns dos mais prestigiados prémios internacionais, tais como o Beethoven Prize (1970), o Grand Prix du Disque (1990), o Music Prize of UNESCO (2002) e o Gramophone Concert Award (2015). Segundo li, está agora também de volta ao projeto educativo de Belgais. Ainda bem!

2 de abril de 2019

NA FOZ VELHA


Encontro PoSk (Porto Sketchers) nº 57, na Foz Velha. Dia de sábado esplendoroso, de autêntico Verão, embora fosse ainda Março. Ruinhas e ruelas variadas, casas recuperadas e casas degradadas, solares apalaçados e casebres de trabalhadores. Um pouco de tudo naquela zona arejada e de belas vistas. Parámos primeiro no Largo do Rio da Bica. E aí fiz o meu primeiro desenho, aguarelado depois em casa:


O casario subia a partir dali, pontuado por uma altiva palmeira sobrevivente:


No final do desenhanço da manhã, tempo ainda para a sorridente fotografia do grupo:


E aqui deixo ainda a minha aguarela tal como apareceu na exposição comemorativa do 3º aniversário dos PoSk, em Junho de 2019:


Para acabar, os suspeitos do costume (Sr. Nariz incluído):



1 de abril de 2019

AMÁLIA


Rainha do Fado. A minha quarta resposta (metafórica) à deixa "rainha" do #portraitchallenge_2019 é Amália Rodrigues (1920-1999), uma voz absolutamente régia e um símbolo de Portugal. Como se não bastasse, tinha também uns traços perfeitos, ao mesmo tempo fortes e delicados. Foi um verdadeiro prazer desenhá-la.

30 de março de 2019

PAULA REGO


Mais uma personalidade feminina portuguesa na minha galeria de retratos para o desafio #portraitchallenge_2019. A deixa, desta vez, era "artista". Paula Rego é única, complexa, visceral. Polémica para os que se chocam com facilidade, genial para todos os que se deixam atrair pelas "histórias" que os quadros contam. Histórias estranhas e crípticas, talvez por isso magnéticas. Histórias de um mundo que é só dela, e que dela transportam a marca inconfundível. É, talvez, a mais internacional de entre os artistas plásticos portugueses de todos os tempos.

29 de março de 2019

CATARINA EUFÉMIA


Do nome tinha apenas uma vaga ideia. Sabia que era uma lutadora alentejana, mas desconhecia os contornos da história. Sei agora que esta jovem mulher é bem merecedora desta pequena homenagem, ela que foi celebrada por Sophia e que continua viva na memória de tantos. 


Assassinada aos 26 anos, Catarina Eufémia (1928-1954) foi uma camponesa analfabeta, mãe de 3 filhos, que liderou um grupo de 14 mulheres trabalhadoras na tentativa de reclamar melhores salários. Morreu no local de trabalho com o filho mais novo nos braços, de três tiros disparados por um GNR que nunca foi a julgamento. Mantém-se símbolo da resistência ao regime fascista português e é a minha segunda resposta ao desafio de desenho #portraitchallenge_2019, deixa "Líder" -- no feminino, pois claro. Que rosto tão delicado, mas tão determinado, ela tinha!

24 de março de 2019

A "MINHA" FLORBELA ESPANCA


Sim, digo "minha", porque nem a maturidade refreou este encantamento da minha juventude. Gosto do ímpeto, gosto do excesso e gosto da teatralidade desta escrita toda feita de emoção! Gosto do estilo grandiloquente e retórico, um pouco 'démodé' se visto à luz dos dias de hoje, em que a arte, julgando soltar-se, se prende ao quotidiano... E gosto até do egocentrismo exacerbado, tão romântico, tão trágico... A grande Florbela foi a minha primeira retratada feminina no desafio do Instagram chamado #portratit_challenge_2019, deixa "Autor". De tantas personalidades possíveis que admiro, preferi homenagear as mulheres e, porque não, figuras portuguesas. Pois aqui está quem amava "perdidamente" e era, porque poeta, "maior do que os homens"...


Em honra desta sensibilidade superlativa e inspiradora, celebrada por Pessoa, deixo aqui um dos meus exercícios de poesia (não é para rir!), também ele feito do ritmo que, pendularmente, evoca um passado perdido. É verdade: ainda hoje, por vezes, escrevo sonetos "à maneira de Florbela" (salvas, é claro, as devidas distâncias, de que estou muito humildemente ciente)! 

MUITO TEMPO

Já faz tempo, muito tempo, que não vejo,
Pelas ruas da cidade adormecida,
O teu rasto, sempre dúbio, que o desejo
Transfigura face à dor em mim tecida.

Já há anos, tantos anos, que te sinto
Alheio e longe, num lugar desconhecido,
Tão estranho, transformado, bem distinto
Do que eras, ou a mim tinhas parecido.

Tua imagem nunca mais será igual,
Tua voz, teu gesto, já sem esperança,
De mim se afastam, para sempre, sem que o sinta.

Já são outros estes tempos, afinal,
Sem augúrio de afago ou de bonança,
E eu sou vento, sou memória quase extinta.