30 de junho de 2015

REIS E ESPIÕES


   Foi no Estoril que, devido à neutralidade portuguesa, uma parte da realeza europeia se refugiou durante a Segunda Guerra Mundial. E o Hotel Palácio orgulha-se ainda hoje não só de ter servido de segunda casa a reis e rainhas mas também de ter albergado espiões britânicos e alemães, dando o mote a escritores e cineastas de mistério e suspense (não é por acaso que um dos filmes de James Bond, "Ao Serviço de Sua Majestade", foi filmado ali).
   O desenho que aqui trago hoje não tem tiaras nem revólveres. Mas tem todo o encanto do edifício histórico de 1930, conservado na sua elegante simetria, intocado na sua tranquilidade luminosa. Voltar a um congresso num local destes é mais do que unir o útil ao agradável; é roubar um bocadinho de paz aos tempos conturbados que vivemos, saboreando um pequeno oásis de conforto e sossego. Esqueçamos por três dias a crise do euro!


25 de junho de 2015

APONTAMENTOS DO MEU JARDIM


Ontem deu-me para isto. Flores! O dia estava encoberto e fresco - mesmo bom para se estar no jardim e lhes sentir o perfume. Pára aqui, espreita ali, senta acolá, e lá fui desenhando este e aquele exemplar:


Feito o esboço, cometi a leviandade de o querer pintar. Como se fosse fácil aprisionar as cores da natureza num bocado de papel! Resultado: entre o folclórico e o pastoso. Bem feito! É para ver se aprendo.



Legenda pseudo-técnica: à esquerda, o grito vermelho da dipladénia, planta exuberante de grandes dotes de alpinismo; à direita, um conjunto de flores-da-fortuna, minúsculas mas cheias de vida:


Duas tentativas frustradas de captar a minha gardénia e o seu branco perfeito e esquivo: à esquerda em botão, à direita desabrochada:


Um raminho da solana e os bagos escarlates do hipericão, já depois de caírem as pinças amarelas, lindas, que formam a coroa farfalhuda das suas pétalas:
Finalmente, à esquerda, três folhas do meu arbusto preferido do jardim: o ácer-anão, o qual, nem de propósito e perante a minha total impotência, parece estar a secar. E no lado direito um dos cachos da hortênsia azul:




20 de junho de 2015

AUTOPICTOGRAFIA


Um auto-retrato? O Desafio nº 55 dos Urban Sketchers para o mês de Junho pôs-me a pensar: qual dos meus rostos, de todos os que sem querer assumo ao longo do dia, haveria eu de registar? Em vez de tentar escolher, preferi desenhar, de uma só assentada, alguns dos "eus" que a minha cara revela: o eu triste, o eu divertido, o eu zangado, o eu aflito, o eu espantado, o eu pensativo... Saiu-me um mosaico de Miús, cada qual a dar o seu bitaite para o retrato conjunto:


Como bónus, e porque falamos não só de auto-retratos mas também de auto-análise, deixo aqui a minha versão da "Autopsicografia" de Pessoa - adaptada, com uns quantos pontapés, à realidade "pictórica" de quem, como eu agora, anda por aí de caderno de desenho e aguarelas na mão:


15 de junho de 2015

A LENDA DO GALO


Isto dos sketches é um bocadinho viciante, não há que ver. Ainda há uns dias fiz um desvio considerável por Barcelos única e exclusivamente para desenhar. Para mais, estava uma tarde cinzenta a ameaçar chuva, mas nem isso me demoveu. De dentro do carro captei o conjunto da Igreja Matriz e das ruínas do Paço dos Duques, construído na primeira metade do séc. XV. Entre os dois fica o pelourinho onde, reza a lenda, um peregrino galego acusado injustamente de um crime local foi agrilhoado. Diz-se que, aproximando-se a hora do enforcamento, fez um último pedido: que o levassem a falar com o juiz. Na casa deste, à hora da refeição, o condenado olhou para o galo assado sobre a mesa e exclamou: "Que eu seja culpado se este galo não cantar três vezes antes de acabar o dia!" Por ter cantado o galo e ter sido absolvido o inocente, Barcelos conta hoje com o símbolo mais colorido e alegre do país.


E aqui, a prova do crime - do meu sketch, não do homicídio atribuído ao galego, que esse ficou por resolver nas brumas do tempo...



14 de junho de 2015

AGORA A CORES...


Só agora tive tempo de voltar a olhar para os meus desenhos do último Encontro USkPN em Braga e dar-lhes cor. Sei que isto contraria a filosofia "in situ" do movimento, mas não quis deixar a preto e branco o registo de um dia que foi tão colorido! Eis o resultado.

O oratório e o campanário de Nª Srª da Torre:


A Capela e a Casa dos Coimbras:


E a Casa do Passadiço, no Largo de S. João do Souto:



Sim, eu sei, aquele azul celeste no segundo desenho era escusado. É o que eu chamo de "Síndrome de Azulite": somos acometidos de uma força sobrenatural que nos impele a pintar o céu de... azul celeste! E o efeito é o de um calendário da loja do chinês. Bah!

4 de junho de 2015

8º ENCONTRO USKPN - EM BRAGA


Pois o 8º Encontro dos Urban Sketchers Portugal Norte foi em Braga, este dia 31. E eu lá saí à rua toda contente, num lindo domingo de sol, com o meu bloco e as minhas tintas (que não cheguei a usar, hélas!). Desta vez, fiz os desenhos logo a caneta e, apesar dos erros e tropeções, não me arrependi, pois a definição é logo muito maior. A primeira paragem foi no cruzamento das ruas D. Gonçalo Pereira com D. Afonso Henriques. Ao fundo, o belíssimo campanário de Nª Srª da Torre, em plena Cividade, ladeado, como é mote bracarense, por nada menos que duas igrejas - à esquerda, a Igreja de S. Paulo; à direita, a Capela de Nª Srª do Oratório:


Nova caminhada e, antes do almoço, outro desenho. Desta vez, a vista é a de um dos mais belos monumentos da cidade: a Capela dos Coimbras (1525), ao lado da casa manuelina com o mesmo nome, reconstruída em 1924. Infelizmente o meu esboço, que tão ligeirinho ia, teve de ser interrompido porque era hora do almoço. Tivemos de avançar, para nos juntarmos ao resto do grupo, já à espera. Tirei esta fotografia já a correr:


À tarde, em "modo" digestivo e num espírito recreativo menos empreendedor, devo confessar que a preguiça atacou, e acabei por só fazer um desenho: o da Casa do Passadiço, soberbo solar setecentista onde funciona hoje uma loja de decoração:


Ficámos por ali, no Largo de S. João do Souto, em amena cavaqueira até ser hora da despedida. Mas não sem antes tirarmos a fotografia de grupo!


Foi um encontro fantástico, com um tempo magnífico e sobretudo em óptima companhia. Temos de organizar mais ocasiões destas!