A minha primeira aguarela de interiores surgiu-me da ideia de desenhar uma ferramenta. Leram bem: uma ferramenta. É que na comunidade Urban Sketchers Portugal de que faço parte foi lançado um desafio para o mês de Fevereiro que consistia em "desenhar o que quer que seja que se considere uma ferramenta". Não me apetecendo desenhar objectos cinzentos ou metálicos, cortantes ou perfuradores, tão severos no seu propósito, tão sisudos na sua eficácia, olhei o termo "ferramenta" com alguma largueza conceptual... A saber: a minha almofada é a ferramenta que me permite conciliar o sono, ou o utensílio sem o qual não consigo realizar o acto de dormir. Aqui está ela:
E aqui estão, mais uma vez, os passos do processo, o mais íntimo que fiz até agora - e um dos mais fluidos e divertidos. Comecei pela parede, num cinza azulado:
Depois, o padrão floral dos reposteiros e o abat-jour pregueado do candeeiro da mesa-de-cabeceira:
Seguiram-se os livros, os reflexos da luz sobre o cadeirão de leitura e, lá fora, os prédios da cidade, espraiada ao longe sob os meus olhos:
Mais uns toques de sombra: sobre os lençóis e sobre a parede...
... E assim ficou. Caso o meu contributo para o Desafio USkP não convença, vou ali aproveitar e dormir uma sesta. Uma sesta de sábado à tarde, com este sol a entrar, em barras horizontais, cálidas, desenhando sonhos sobre uma almofada macia.