Fora dos registos arquitectónicos e paisagísticos, trago hoje um desenho de pessoas. Só de pessoas — distraídas, alheadas, a gozar a tranquilidade de uma piscina ao fim da manhã. É engraçado observá-las a tomar banhos de sol, cada qual com o seu traje de banho, o seu corpo exposto, a sua intimidade a descoberto. Há-as altas e baixas, gordas e magras, velhas e novas. Mas todas se entregam ao culto do deus Sol, neste dolce far niente tão típico da estação.
E no mexe-que-mexe também são todas parecidas: é um tormento desenhá-las! Em 3 segundos já a mão está noutro lado, já o joelho subiu e o ombro desceu, já a cabeça se voltou escondendo as feições... As pernas desta senhora loura em primeiro plano, por exemplo, foram completamente inventadas. Estava eu a rabiscar a parte de baixo do biquini encarnado quando ela se afastou. Não tive outro remédio senão fazer-lhe este par de cilindros, que ainda por cima chocaram com a tumbona (isto foi em Baiona, na Galiza) da outra banhista a ler... Enfim, desditas de uma sketcher lenta demais para organismos móveis!