7 de abril de 2016

A MINHA MAGNÓLIA AMARELA


Comprei uma magnólia supostamente amarela há cerca de três anos, num vaso com uma haste já bem enraizada e ornada de algumas folhas viçosas. Uma magnólia chinesa ("fei huang"), disseram-me, muito rara e procurada. Nada de flor, porém, pois era verão e as magnólias florescem no inverno. Vim para casa esperançada de que no inverno seguinte haveria novidades. Transplantei-a e pegou bem, mas nada. E dois invernos depois, zero ainda. Comecei a duvidar da minha escolha e a lamentar não ter antes trazido um exemplar em branco ou rosa, mais comuns e menos exóticos. Vejo tantos pela vizinhança, pejados de flor, desde finais de Janeiro! Eis senão quando, no fim de Março - ou seja, já na primavera - a minha magnólia renitente finalmente se resolveu a dar um ar da sua graça. Brotaram vários botões carnudos, de um amarelo pálido, que se abriram em pétalas aveludadas, de delicada fímbria translúcida. Ah!... Isto merece um desenho!



Perdoada a minha árvore preguiçosa e admirados os seus belos caprichos florais, o meu deleite estava no entanto condenado a esmorecer: as flores envelhecem depressa, acastanhando e apodrecendo antes de cair. Beleza efémera, está visto, mas mesmo assim... beleza!